Foto :Vanessa Feitosa
Hoje eu me sentei naquela pedra
ouvindo os gritos das favelas nas antenas de tv
retorcer de ferro, cal, cimento
mil tijolos ao relento
construções rasgando o céu
o fino rufar do tambor de um revólver
dissolve o silêncio na mesa do bar
paisagem reflete e devolve ao esgoto escorrido
um vestígio que abafa o cantar
morro descansando a vista dela
rosto esfinge da janela contemplando a precisão
perceber o inferno,caos cinzento,rio de gente,
nobre elenco encenando seu papel
seu pranto enxugado no canto da fronha
seus calos deixados aos pés da montanha
assanha seu leve cabelo
vento lamento embutido no peito a sangrar
tarde demais. tarde de maio.eu quase desmaio
quando vi o poeta caído de porre no fim da calçada
a navalha sangrando o pescoço
e o esforço continuo a se levantar
seus pés mais apressados que os sapatos
suas rédeas seus novos cadarços
sufocando a lentidão do tempo
meu chão eterno céu longo tapete
estrada pra o mar véu, colete
sustentando barco, vela e vento.
Fernando Araújo
Nenhum comentário:
Postar um comentário